Por Ruy Cavalcante
Para quem não me conhece, eu tenho a fama (algumas vezes merecida) de ser um pouco áspero em minhas palavras, especialmente quando estou ensinando a Palavra de Deus. O que me consola é o fato de saber que Jesus também O era quando as coisas de Deus e a sua Palavra estavam em jogo (Mt 21:13; Mt 23:33; Jo 6:66-67; Jo 21:22).
Eu já tentei melhorar, ser mais comedido, porém nem sempre isso é possível, pois me indigno quando assuntos como o deste artigo são menosprezados dentro das igrejas. E o assunto é a pregação do Evangelho de Cristo.
A bíblia faz o seguinte questionamento:
Como creram em quem não ouvirem falar? E como ouvirão se não há quem pregue? (Rm 10:14)
Até mesmo numa rápida análise do contexto desta passagem, é possível perceber que Paulo se refere à pregação do Evangelho de Cristo. Durante todo o capítulo, em especial nos versos de 2 a 4, Paulo tenta mostrar como a fé dos israelitas estava firmada em algo que não possuía valor, baseado em sua própria justiça e não na justiça de Deus, encarnada na figura de Jesus Cristo e no que Ele conquistou na Cruz, sendo Ele próprio o fim, o objetivo, o alvo da Lei.
É a esta pregação que Paulo se refere, à pregação da cruz, a única verdade que pode de fato libertar, gerando fé e salvação na vida do ser humano. Eu insisto:
“Mas como crerão naquele em quem não ouvirem falar?”
Evangelho, como todos nós sabemos (ou deveríamos saber) possui um sentido etimológico referente a “boas novas”, ou “boas notícias”. Qual seria então a boa notícia que temos para anunciar ao ser humano?
A boa notícia é que existe esperança de salvação para nós, existe um Deus que entregou seu Único Filho para sofrer a condenação que era contra nós, um substituto para receber o castigo que enfim nos traz a paz (Is 53:5). Esta boa notícia envolve sacrifício na cruz, arrependimento e perdão de pecados, vida nova e transformada, renúncia e serviço dedicado àquele que por nós se entregou. Esta é a pregação da fé, é este o discurso que transforma pranto em riso, que nos tira do poder das trevas para o Reino do Filho do amor de Deus (Cl 1:13).
O problema, e o que me deixa cada dia mais áspero, é que boa parte da igreja espera transformar vidas falando e pregando sobre prosperidade, sobre extravagância e sobre conquistas.
É impossível que riquezas, promessas e unções extravagantes transformem vidas! O que transforma e converte o coração do homem é a pregação da cruz! Está sim, é a pregação da fé! E pela falta dela a igreja está doente, mal adornada, e não consegue mais ser o sal e tampouco a luz deste mundo, antes participa das mesmas corrupções que outrora condenava.
E não poderia ser diferente, pois se alguém começa a participar do corpo de Cristo após haver sido “alcançado” por uma pregação apócrifa, como poderia ela apresentar os frutos do Espírito de Deus? Nunca se viu uma geração tão fraca diante dos oferecimentos deste mundo, quanto esta de nossos dias. Este é o resultado de vidas não transformadas pelo Evangelho de Cristo, mas influenciadas pelo evangelho humano, pela “boa notícia” da prosperidade na vida do homem, um evangelho não mais baseado na justiça de Deus, mas na (in)justiça dos homens.
É possível alguém que ama a Deus e zela por sua Palavra não ficar indignado com um quadro semelhante a este?
Nós precisamos retornar ao Evangelho de Cristo se quisermos transformar para melhor o Brasil. Não serão atos proféticos nem a compra de aviões que farão a coisa melhorar. Apenas um coração convertido ao Senhor, através da fé gerada pelas suas boas novas, poderá tirar a igreja do noticiário policial Brasil afora.
#pense nisso
Fonte da imagem: http://revistaicmpoa.wordpress.com/